Caxias

Quanto és bela, ó Caxias! - no deserto,
Entre montanhas, derramada em vale
De flores perenais,
És qual tênue vapor que a brisa espalha
No frescor da manhã meiga soprando
À flor de manso lago.
Tu és a flor que despontaste livre
Por entre os troncos de robustos cedros,
Forte - em gleba inculta;
És qual gazela, que o deserto educa,
No ardor da sesta debruçada exangue
À margem da corrente.
Em mole seda as graças não escondes,
Não cinges d'oiro a fronte que descansas
Na base da montanha;
És bela como a virgem das florestas,
Que no espelho das águas se contempla,
Firmada em tronco anoso.
Mas dia inda virá, em que te pejes
Dos, que ora trajas, símplices ornatos
E amável desalinho:
Da pompa e luxo amiga, hão de cair-te
Aos pés então - da poesia a coroa
E da inocência o cinto. 

Gonçalves Dias



Quanto és bela, ó Caxias! - no deserto, Entre montanhas, derramada em vale De flores perenais, És qual tênue vapor que a brisa espalha No frescor da manhã meiga soprando À flor de manso lago. Tu és a flor que despontaste livre Por entre os troncos de robustos cedros, Forte - em gleba inculta; És qual gazela, que o deserto educa, No ardor da sesta debruçada exangue À margem da corrente. Em mole seda as graças não escondes, Não cinges d'oiro a fronte que descansas Na base da montanha; És bela como a virgem das florestas, Que no espelho das águas se contempla, Firmada em tronco anoso. Mas dia inda virá, em que te pejes Dos, que ora trajas, símplices ornatos E amável desalinho: Da pompa e luxo amiga, hão de cair-te Aos pés então - da poesia a c'roa E da inocência o cinto. Gonçalves Dias



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